Albert Einstein uma vez disse que “A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos” e ele não poderia estar mais correto. É somente por meio de uma cultura pacífica, de um estilo de vida que prioriza a compreensão e a tolerância que conseguiremos nos sentir verdadeiramente plenos, ou seja, alcançar a tão sonhada felicidade.
Foi a partir desse insight que o psicólogo norte americano Marshall Bertram Rosenberg desenvolveu uma pesquisa chamada Nonviolent Communication, ou, em português, Comunicação Não Violenta (CNV).
Neste artigo, vamos mostrar a você como exercitar e implementar os princípios da CNV em sua rotina, inclusive no trabalho. Nós acreditamos que um ambiente profissional sadio e produtivo é aquele em que o respeito e a empatia imperam. Continue a leitura e saiba como ser um profissional e um ser humano melhor.
O que é a Comunicação Não Violenta?
Origem e desenvolvimento
Nos anos 60, o psicólogo americano Marshall Rosenberg, influenciado pela cultura de não violência de Mahatma Gandhi, começou a desenvolver uma pesquisa cujo objetivo era melhorar as relações interpessoais e resolver conflitos.
Depois de muitos anos, em 1999, ele finalmente publicou sua primeira tese sobre o tema, chamada de Comunicação Não Violenta — a Linguagem da Compaixão. Alguns anos mais tarde, em 2003, ela foi revisada e teve seu título alterado para Comunicação Não Violenta — a Linguagem da Vida.
Três após esta última, foi criada uma outra versão chamada “Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais“, com ensinamentos mais práticos e fáceis de serem aplicados no dia a dia.
Princípios e objetivos da pesquisa
A CNV é baseada no pressuposto de que todos os seres humanos são capazes de sentir compaixão e empatia e que as pessoas só recorrem à violência quando não reconhecem estratégias mais eficazes para atender às necessidades.
Isso porque, segundo a teoria da CNV, todo comportamento humano é baseado em tentativas de atender às próprias necessidades e às de outras pessoas. Assim, uma das principais propostas é que as pessoas consigam identificar essas vontades, objetivando uma harmonia interpessoal e aprendizado mútuo.
Além disso, a Comunicação Não Violenta auxilia em três níveis profundos de mudanças: dentro de cada um, na relação entre duas pessoas e dentro de grupos e sistemas sociais. Assim, podemos falar que essa pesquisa foi projetada para melhorar a conexão compassiva uns com os outros. Aplicá-la pode ser uma ferramenta poderosíssima para uma mudança social, educacional e de visão de mundo.
Violência silenciosa: o que significa?
A imagem de violência que temos em nossa mente é, geralmente, agressões físicas e brigas, não é mesmo? No entanto, existe outro tipo de violência tão danosa quanto essa que está presente na maneira como nos comunicamos com as pessoas.
Estamos falando da violência verbal, e não somente de palavras de baixo calão, mas de nossa simples entonação de voz, que faz com que sejamos verdadeiros intimidadores sem precisarmos proferir nenhum xingamento.
Algumas vezes, fazemos isso sem perceber, colocando sentimentos de raiva, ironia ou frieza na voz, principalmente quando estamos no ambiente de trabalho e não podemos externar as emoções da maneira como fazemos em casa. Desse modo, o tom de voz é a maneira que nosso subconsciente muitas vezes encontra para “expurgar” sentimentos negativos.
O maior erro é achar que o colega de trabalho ou cliente/paciente não percebe a violência silenciosa, mas, na maioria das vezes, todo mundo a nossa volta repara. Isso pode estremecer relações profissionais e deixar um “clima pesado” no ar sem que tenha havido nenhum tipo de palavra que pudesse inferir nisso. Essa é a verdadeira violência silenciosa.
A maneira como nos comunicamos é um dos principais instrumentos para nos relacionar. Quando sabemos usá-la corretamente evitamos diversos conflitos e mal-entendidos.
Como a Comunicação Não Violenta pode melhorar o ambiente de trabalho?
É pouco provável que algum dia conseguiremos extinguir os conflitos no local de trabalho por completo. No entanto, a aplicação da CNV minimiza — e muito — esses conflitos, uma vez que aprendemos formas mais saudáveis de nos comunicar uns com os outros, deixando de lado entonações acusatórias e aquelas famosas “indiretas” que só servem para causar atritos desnecessários.
A Comunicação Não Violenta ensina aos profissionais uma maneira mais saudável de conviver com os diferentes perfis e pontos de vista que nos cercam, preservando assim a qualidade dos relacionamentos (especialmente nos momentos de conflito) e fazendo com que trabalhemos de maneira harmoniosa para atingir objetivos comuns.
Como aplicar os princípios da CNV no trabalho?
Para que a Comunicação Não Violenta traga resultados, é preciso se empenhar na aplicação de 4 elementos-chave. Saiba quais são eles abaixo.
Observação sem julgamento
Aqui, o desafio é simplesmente observar os fatos sem condenar ou julgar. Por exemplo, você percebe um funcionário procrastinando alguns minutos antes de dar o horário de ir embora.
Se ele não for seu subordinado e isso não prejudicar diretamente seu trabalho, simplesmente “deixe fluir” e não o condene, mesmo que isso aconteça dentro de sua mente. Eventualmente, algum superior vai perceber e ele terá de lidar com as próprias ações. O objetivo é pensar “isso não tem nada a ver comigo”.
Nomeação de emoções e sentimentos
Dar nome aos sentimentos é identificar as emoções em relação ao que você observa, como raiva, decepção, tristeza, mágoa etc. Uma das maiores dificuldades é entendermos que a maneira como nos sentimentos é algo de nossa inteira responsabilidade. Não culpar os outros por nossos sentimentos é um passo bastante significativo na jornada pela Comunicação Não Violenta.
Identificação de necessidades
Lembra-se de que falamos no começo deste artigo que o comportamento humano é baseado no atendimento das necessidades tanto de si mesmo quanto do próximo? Nessa etapa, é muito importante identificar quais são as vontades não atendidas que estão por trás daquele nosso “azedume”.
Por exemplo, você está muito mal-humorado no trabalho e não consegue entender por quê. Depois de refletir sobre o assunto, percebe que o motivo do mau humor é o casamento de seu primo que você não irá porque tem plantão e ninguém se ofereceu para trocar com o horário (embora também não tenha pedido).
A partir do momento em que identificar o que está fazendo mal, é possível resolver a situação. Um exemplo é deixar o orgulho de lado e pedir para algum colega trocar o plantão de sábado com você.
Pedidos de maneira clara e viável
O exemplo acima se encaixa perfeitamente no último elemento da Comunicação Não Violenta. Para que os conflitos se resolvam, seus pedidos precisam ser feitos de maneira clara a fim de não deixar margem para dúvidas.
No final do diálogo, é importante se certificar de que o outro entendeu plenamente tudo o que foi dito e solicitado. Como visto, a Comunicação Não Violenta pode realmente trazer mudanças significativas no ambiente de trabalho e deixá-lo muito mais produtivo e harmonioso.
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